Entre as décadas de 1970 e 1990, um terreno situado na esquina da avenida Afonso Pena com a Rua Vasconcelos Fernandes, em Campo Grande, foi palco de risos, brincadeiras, espaço para o início de namoros, e até para foto de casamento. Isso porque ali ficava o Parque de Diversões Imperial.
O Primeira Página exercita a nostalgia de quem conheceu o lugar e apresentou a história para as novas gerações, em quatro capítulos, um a cada dia.
Hoje, o vazio ocupa o espaço na principal avenida da cidade. Na memória afetiva de quem viveu essa época, porém, o cenário colorido está vivo, ainda que esmaecido pelo efeito do tempo.
A saudade desse tempo foi tema de uma postagem na página “Anos Dourados Campo Grande” no Facebook e rendeu, até o fechamento desta reportagem, 80 comentários com lembranças do lugar.
O parque também atraía os turistas, que desembarcavam na Estação Rodoviária Heitor Eduardo Laburu, inaugurada em 1976, bem pertinho.
Esmaecida, sofrida pelos tempos passados, a imagem é um dos pouquíssimos registros localizados pelo Primeira Página para essa série de reportagens.
Helena Nunes Rondon lembra bem do parque porque gostava de levar o filho Jefferson Davi para brincar, especialmente no carrossel.
Para ela, o Imperial “deixou saudades”. É por isso que guarda até hoje uma lembrança do local.
“Foi muito bom para nós, pude criar meus filhos. Tudo pelo parque”. A declaração é de Ednei Pereira, de 84 anos, viúva de Eloy Alvim Pereira, o proprietário do Parque Imperial.
Ela conta que o marido curitibano adotou Campo Grande como a cidade do coração por influência dela e nunca se arrependeu da escolha.
As luzes e músicas do Parque Imperial, que existiu durante 26 anos na principal avenida de Campo Grande, a Afonso Pena, não estão presentes apenas nas lembranças de quem foi até lá para se divertir.
Ficaram cravadas na memória da família Alvim Pereira, responsável por cada um dos brinquedos e pela gestão do espaço.
Ednei Pereira e Eros Alvim Pereira, viúva e filho do dono do parque. (Vídeo: Augusto Castro)
“Uma lembrança muito boa que eu tenho é que eu vinha com meu pai todo dia. Dava 8 horas e ele estava aqui no parque, ele fazia fechamento do caixa, o financeiro, ele sempre estava aqui”, completa o filho Eros Alvim Pereira, que seguiu os passos do pai durante muitos anos.
Eros ainda era criança quando começou a frequentar o parque. “Eu nasci aqui”, brinca.
A experiência que Eloy tinha com parques, no Paraná, e a organização financeira deram resultado e, em pouco tempo, o estabelecimento se tornou sucesso. A família também trabalhou nas primeiras exposições agropecuárias na cidade, quando “tudo ainda era mato”.
Como as lendas urbanas são normalmente transmitidas de uma pessoa para outra oralmente, é natural que as histórias sofram mudanças a cada relato.
A reportagem do Primeira Página ouviu diferentes versões sobre a tal cobra que teria atacado uma criança no espaço de lazer.
Clicando no leia mais nos stories a seguir, confira os relatos e as matérias completas no PP.
E não é só dos brinquedos que os moradores da capital se recordam.
A história de uma cobra que teria picado um menino também paira sobre a memória coletiva. De boca em boca, a versão mais cristalizada é a que o fim do parque teve relação com esse fato.